"É aqui. É a nossa casa. Somos nós. Talvez não exista melhor demonstração das loucuras da vaidade humana do que esta distante imagem de nosso minúsculo mundo. Para mim, sublinha a responsabilidade de nos relacionarmos mais gentilmente uns com os outros e de preservarmos e acarinharmos o único lar que conhecemos: o pálido ponto azul." (Carl Sagan, Pale Blue Dot)
segunda-feira, julho 25, 2011
Pare, repare e escute
Foi realizada uma experiência socio-artística em que um dos melhores violinistas do mundo foi tocar violino à beira do metro, de boné, calças de ganga e o seu violino Stradivarius de 3 milhões de dollars... Nada de mais, como se pode ver!
O que é que aconteceu durante estes 45 min. de música sublime, anteriormente reproduzida num concerto onde os melhores lugares custavam mil dollars? Praticamente nada... Sem os holofotes dos media em cima, sem a moldura dourada em redor, sem anúncio nem pronúncio dos experts, é caso para dizer "dá Deus nozes a quem não tem dentes"!
Será que a arte, a beleza e a virtude artísticas são assim tão relativas e enviesadas pelo prestígio socialmente atribuído por uma classe reconhecida? Ou serão as pessoas maioritariamente desdentadas?
Num mundo onde os valores politico-económicos se alevantam, o "ser" parece tender a desvanecer-se perante as cores berrantes do "ter". "Ter" esse que, quando em défice, quando em crise, parece produzir o caos e o desespero vãos. Sem querer esquecer a miséria dos que verdadeiramente não têm, podemos pensar também nos que "têm" ou querem "ter" porque não "são" nem conseguem "ser". E por isso corremos para o trabalho e para casa, vindos do trabalho, para ir ver ("ter"!) o concerto luxuoso que adquirimos por 70€, quando acabámos de passar por um de 1000 dollars mesmo à nossa beira... Mas esse... esse não tem preço e por isso não vale nada.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário